MARAÚ

A cidade de Maraú tem sua origem numa aldeia de índios chamada “mayra” . A aldeia foi descoberta por capuchinhos italianos que  fundaram, em 1705, o aldeamento de São Sebastião do Mairaú.

O topônimo “Maraú” deriva do termo tupi maíra ‘y (Mairaú).

‘y” significa Rio em tupi.

mahyra“, “maíra” ou “mair” é um personagem da mitologia tupi-guarani. Seria o herói mítico, pai dos gêmeos Korahi e Sahi (o sol e a lua). São estes gêmeos que completam o trabalho de separação da natureza e da cultura, iniciados por Mahyra, o herói civilizador por excelência. Teria sido um profeta. Os índios tupis do litoral brasileiro do século XVI associaram este ser mitológico aos homens brancos e, em especial, aos navegadores franceses, passando a chamá-los de “maíra”.

maíra ‘y = “Rio do Francês” ou “Rio do Homem Branco”.

Por ordem da Coroa, o bandeirante João Gonçalves da Costa, construiu uma estrada denominada “Estrada da Nação”. O movimento por essa estrada concorreu para o contrabando do “Quinto de Ouro”, o que deu origem à criação do Povoado dos Funis, local onde a estrada bifurcava em direção a Camamu e a Vila de Barra do Rio de Contas, hoje cidade de Itacaré.

Para dificultar o contrabando pela estrada, que passava no sertão da fazenda “RESSACA”, foi edificada nesse local, a cidade de Vitória da Conquista. Assim Mayrahú teve o seu “registro de impostos”, forçado pelas necessidades de arrecadação do “Quinto da Coroa”.

O Distrito de Mayrahú foi criado em 1718, e a Capela construída pelos Frades, foi elevada à categoria de Freguesia, com o nome de “São Sebastião de Mayrahú”, pelo arcebispo Dom Sebastião Monteiro da Vide, no mesmo ano.

Em 1756, a relação das Povoações e Sítios da Freguesia de São Sebastião de Mayrahú foi feita pelo vigário Pedro do Espírito Santo. Diz que “a sede possuía 26 fogos e 1130 pessoas de comunhão”.

A freguesia foi elevada à categoria de Vila, por ordem do Governo Provisório que se seguiu ao de D. Antonio de Almeida Soares e Portugal, 3° Conde de Avintes, em 17 de junho de 1761, sendo instalada pelo Ouvidor Geral da Bahia, Dr. Luiz Freire Deveras há 23 de julho do mesmo ano. Nessa mesma data, foi criada a Vila de Mayrahú.

Nos anos de 1860 a 1864, o Reino Unido da Inglaterra, ganhou uma concorrência para a instalação de uma usina de destilação de querosene, extraído da turfa a partir da nafta, e também, para a extração do xisto betuminoso em Maraú. A empresa foi instalada às margens do Rio Maraú.

A versão popular é de que a usina chamava-se “John Grant”, mais o roceiro, encontrando dificuldades com a pronúncia, abrasileirou para “João Branco”. Instalada a usina de João Branco, com todos os requisitos de uma grande refinaria, custaram à Coroa Inglesa 600 mil libras esterlinas. A mesma, empregou cerca de 500 operários, possuía uma estrada de ferro interna, por onde rodavam duas locomotivas.

Na referida usina, onde era destilado o querosene, fabricavam-se velas de espermacete, sabão, ácido sulfúrico e papel encerado para acondicionar alimentos e preparavam-se para a fabricação de celulose, no grande Parque Industrial de Maraú.

Em 30 de março de 1938, a Vila foi elevada à categoria de Cidade.

O Município de Maraú está localizado em uma península, denominada Península de Maraú, zona na qual, foi implantada uma APA – Área de Proteção Ambiental, totalizando um perímetro de 212 km² em uma área de aprox. 21.200 ha (vinte e um mil e duzentos hectares).

O Município é rico em minerais, destacando-se o xisto betuminoso, o gesso e o petróleo. Quanto ao petróleo ainda não foi jorrado, mas se sabe da sua existência.

Durante a Ditadura, o governo fez um projeto para escoar a produção do Oeste baiano (principalmente soja), construindo um porto na região de Campinho, e uma rodovia (BR-030). Porém, como a estrada cortava a Mata Atlântica, o trabalho de asfaltamento não pôde ser realizado e o porto acabou por não atingir o objetivo inicial.

Subindo o rio Maraú, chega-se à vila de Tremembé, cujo acesso é barcos possível através de e por veículo através da cidade de Camamu. Próxima a vila, existe uma cachoeira (Cachoeira de Tremembé) , que deságua diretamente na baía de Camamu, proporcionando um belíssimo espetáculo.

Conhecida atualmente como a “Polinésia Baiana” devido à rara beleza natural e transparência de suas águas, a Península de Maraú possui belíssimas praias distribuídas entre seus vários povoados, além de dezenas de ilhas, cachoeiras, manguezais e quilômetros de Mata Atlântica totalmente preservados. Seus povoados costeiros mais conhecidos são: Barra Grande, Saquaíra, Taipu de Fora e Algodões. Maraú faz parte da Costa do Dendê, uma das regiões mais belas da Bahia. Lá, também, fica localizada a terceira maior baía do país, a baía de Camamu, onde desagua o rio Maraú. Recentemente, a Península de Maraú começou a ser descoberta por baianos e turistas. Os moradores mais antigos contam que Maraú já foi visitada pelo escritor e aviador francês Antonie de Saint-Exupéry, autor de “O Pequeno Príncipe”, que teria permanecido no povoado o tempo suficiente para ali manter uma residência.